Solicitações de exames cardiológicos não invasivos: necessidades de saúde ou medicina defensiva?

Francisco Roberto Rizo Moran, Carlos André Moura Arruda, Georgiana Alencar Portela, Raquel Miranda Leite, Natália Braga Silva Almeida

Resumo


Introdução: A utilização de métodos diagnósticos deve ser racionalizada para proporcionar benefício aos pacientes. Evidências demonstram que métodos diagnósticos têm sido utilizados em demasia, o que nem sempre beneficia os pacientes, pelo contrário, em parte isso decorre da medicina defensiva, onde o médico considera que a solicitação de exames o protege contra questionamentos futuros.
Objetivos: Descrever a incidência da solicitação de exames cardiológicos não invasivos em usuários sintomáticos e assintomáticos de um serviço de Atenção Primária à Saúde no município de Fortaleza/Ceará.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Estudo descritivo com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados a partir dos registros contidos em um banco de dados (2009 a 2012) de um serviço de Atenção Primária. As variáveis do estudo foram: características demográficas dos pacientes, fatores de risco e sintomas clínicos, resultados de exames não invasivos, dentre outras. Foram comparadas as características basais demográficas, fatores de risco, sintomas e resultados de exames não invasivos para pacientes com doença arterial coronária obstrutiva com os de pacientes sem doença arterial coronariana obstrutiva. Para análise utilizou-se o teste de qui-quadrado e o não paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney.

Resultados: Foram realizados 18.291 exames não invasivos em possíveis portadores de doença arterial coronariana, deles o Ecocardiograma transtorácico foi o mais solicitado (52%) com aumento importante nos anos 2011 e 2012. Em seguida, o teste ergométrico (37,6 %), Holter (9,4%), Ecoestresse (0,75%) e Angiotomografia coronariana (0,1%). Testes não invasivos foram realizados em 17,1% dos pacientes de baixo risco, 15,9% em pacientes de risco intermediário e 15,0% em pacientes de alto risco (P <0,001). Comparando a realização de exames em pacientes assintomáticos X sintomáticos observamos um predomínio de mais de 50% no primeiro grupo, relacionados à positividade dos exames realizados.

Conclusão ou Hipóteses: Percebe-se a presença do paradigma do médico ativo, que se aplica também a exames: quanto mais exames solicitados, melhor o médico se sente por conhecer mais seu paciente. É necessário melhorar a indicação de exames não invasivos e a interpretação destes voltados para diagnóstico da doença coronariana.

Palavras-chave


Arterial Coronariana; Exames Não Invasivos; Atenção Primária à Saúde

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