Análise quantitativa do referenciamento da assistência básica

Resumo

A organização de redes de atenção à saúde a partir da atenção primária constitui-se na estratégia principal das autoridades sanitárias do país para superar as dificuldades de acesso da população, a fragmentação do cuidado e de melhorar a eficácia e a eficiência do sistema de saúde. Porém, os parâmetros utilizados para o planejamento, programação e avaliação de redes são resultados de estudos sobre a oferta de serviços não organizados em rede. Neste trabalho será apresentado o estudo quantitativo dos encaminhamentos realizados pelos médicos, enfermeiros e odontólogos das unidades básicas de saúde do Distrito Sanitário Centro de Florianópolis, durante o ano de 2011, na expectativa de contribuir para a organização de redes. Observou-se um encaminhamento médio de 18% dos casos atendidos pelos médicos, de 1,5% pelos enfermeiros e de 7% pelos odontólogos. As especialidades mais referenciadas pelos médicos foram a oftalmologia (20,20% dos encaminhamentos), a ginecologia (10,66%), a dermatologia (7,14%), a ortopedia (6,74%), a fisioterapia (5,16%) e a cardiologia (4,41%). Os enfermeiros encaminharam mais freqüentemente para a ginecologia (68,5% dos encaminhamentos) e para a nutricionista (15,56%), refletindo sua atuação no programa de atenção à saúde da mulher e à nutrição infantil. Entre os odontólogos, 42,31% dos encaminhamentos foram realizados para endodontia e 15,64% para odontologia pediátrica. Embora os dados sejam reflexos das condições socio-sanitárias e da organização dos serviços de saúde locais, eles evidenciaram importantes discrepâncias com os atuais parâmetros utilizados pelo Ministério da Saúde (Portaria 1101/2002), sinalizando problemas entre a oferta programada e a demanda observada. O estudo pode subsidiar o planejamento de redes de atenção à saúde com o protagonismo da atenção primária à saúde.