Pet saúde: a medicina centrada na pessoa durante a graduação

Resumo

Introdução: A formação tradicional no curso de medicina, além de segregar teoria e prática, privilegia como cenários os serviços de atenção secundária e terciária, focalizando a formação na abordagem individual e curativa, tendo como objeto um paciente recortado de seu contexto familiar e social. Na atenção básica, a equipe pode conhecer melhor o indivíduo e sua família, bem como o significado e as consequências do adoecimento de um de seus componentes.

Objetivo: descrever a experiência de participação de estudantes de medicina do PET-Saúde em consultas com médico em uma equipe de Saúde da Família. Metodologia: durante o estágio na unidade de saúde, os acadêmicos tiveram a oportunidade de acompanhar o médico de família e comunidade em várias atividades, incluindo-se as consultas médicas na unidade de saúde e no domicílio. Durante as mesmas, os acadêmicos situaram-se como observadores.

Resultados: Antes do atendimento, o profissional buscava informações sobre a pessoa a ser atendida, em prontuário e/ou com outros componentes da equipe. Ao encontrá-la, o profissional a cumprimentava de forma respeitosa, tratando-a pelo nome, e ela era convidada a falar sobre o motivo da procura do atendimento. Havia um processo de escuta atenta, no qual a queixa era acolhida e valorizada. O usuário era a seguir interrogado acerca de sua crença em relação ao adoecimento, e sobre impacto da situação em sua vida. Depois de um exame físico completo, a pessoa era esclarecida acerca das possibilidades diagnósticas e terapêuticas, inclusive da necessidade de encaminhamento para equipes de referência quando necessário. Ao final do atendimento, o profissional solicitava que a pessoa falasse o que havia compreendido acerca das orientações recebidas, que eram refeitas quando necessário. As pessoas deixavam o atendimento mais tranquilas, demonstrando satisfação com o resultado obtido. Os acadêmicos puderam perceber que a atenção contemplava o exercício da medicina centrada na pessoa, pois considerava, além dos aspectos biológicos, os aspectos psicossociais presentes no adoecimento, favorecendo a observação dos princípios da atenção primária - primeiro contato, longitudinalidade, integralidade, coordenação do cuidado, centralização na família - até então presentes apenas em estudos teóricos. Posteriormente, quando capacitados, os acadêmicos foram convidados a participar dos atendimentos.

Conclusão: a vivência do estudante de medicina do PET-Saúde em equipes de Saúde da Família, possibilita o exercício da medicina centrada na pessoa, que busca responder às necessidades de saúde da população atendida, utilizando ferramentas e dispositivos para consolidar redes, vínculos e a corresponsabilização entre usuários e trabalhadores de saúde.