Religiosidade afro-brasileira e promoção da saúde: visões de um mesmo tema

Márcio Luiz Braga Corrêa de Mello, Simone Santos Oliveira

Resumo


Introdução: O modelo biomédico de atenção à saúde não é capaz de lidar isoladamente com a complexidade dos problemas de saúde da população brasileira. Assim, surge um interesse maior pela antropologia aplicada ao campo da saúde como forma alternativa de se pensar a atenção integral ao paciente buscando conjugar os conhecimentos biológicos, psicológicos, sociais e culturais na compreensão das doenças.

Objetivos: Compreender as relações da religiosidade com a saúde e seus processos de cura, especialmente as inscritas no campo afro religioso, procurando entender as formas com que os indivíduos vivenciam e interpretam a doença, o sofrimento, a dor e a cura.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Realizou-se uma pesquisa qualitativa com observação participante num templo religioso afro-brasileiro (terreiro de Umbanda). O trabalho de campo foi realizado ao longo do segundo semestre de 2009 e do primeiro semestre de 2010, com visitas espaçadas e organização das observações em um diário de campo, após uma revisão e análise da literatura sobre saúde, doença e práticas terapêuticas no Brasil. A coleta de dados se deu também por meio de entrevistas, conversas informais e materiais pessoais dos frequentadores e dirigentes, assim como registro fotográfico. O grupo investigado compreende um terreiro, localizado no Rio de Janeiro – RJ, no bairro de Santa Cruz, zona oeste da cidade.

Resultados: Um grande número de pessoas, por motivo de doença, recorre aos cultos umbandistas em busca de alívio para as doenças e aflições. Os cuidados em relação à saúde oferecidos pela Umbanda podem variar de acordo com as causas da enfermidade ou aflição. Entre o mundo dos humanos e o sobrenatural, a Umbanda é a mediadora. A religião dá sentido à vida, diante do sofrimento e constitui lugar de acolhimento, de re-significação da experiência da enfermidade, integrando uma rede de suporte em saúde para os que se encontram enfermos, ajudando no restabelecimento e propiciando melhor resposta a tratamentos da medicina oficial, influenciando na aceitação da comunidade com a pessoa em sofrimento.

Conclusão ou Hipóteses: Existe uma relação dinâmica entre religião e saúde no Brasil. O estudo reforça a idéia de que um efeito fundamental da religião é a modificação da visão de mundo do indivíduo. Isto não implica necessariamente na remoção dos sintomas, mas na mudança dos significados que a pessoa atribui a sua doença. A prática religiosa tem complementado as práticas médicas oficiais.

Palavras-chave


Saúde e Doença; Cultura; Antropologia da Saúde

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