Redução de danos como orientadora do cuidado na APS: um debate necessário

Leandro Dominguez Barretto, Mariana Cavalcante Guedes Chagas

Resumo


Introdução: A abordagem da Redução de Danos para usuários de álcool e outras drogas, valoriza a escolha individual daqueles que não desejam ou não conseguem viver em abstinência, buscando evitar ou diminuir a possibilidade de agravamento dos danos já estabelecidos. Este paradigma também é aplicável ao cuidado oferecido aos portadores de doenças crônicas nas USF, valorizando a construção conjunta do cuidado.

Objetivos: O presente trabalho pretende ampliar o debate a respeito da Redução de Danos na construção de projetos terapêuticos singulares na prática da APS, em contraposição a uma conduta prescritiva de novos hábitos de vida que assemelha-se à oferta da Abstinência como única alternativa.

Metodologia ou Descrição da Experiência: A construção desta experiência se deu a partir da integração das práticas dos alunos do 8º semestre do curso de Medicina da UFBA em um CAPS-AD e uma USF. Em atividades acadêmicas sob supervisão docente no CAPS-AD, foram trabalhados temas relativos à presença das drogas em nossa sociedade, uso e abuso de drogas e as perspectivas de cuidado disponíveis, em especial a Redução de Danos. Paralelamente estes alunos interagiam na USF com docentes que tomavam os princípios da Redução de Danos como orientadores do cuidado para portadores de doenças crônicas, mas que apresentavam baixa adesão aos planos propostos, considerados “pacientes resistentes”, percebendo a relação dos alunos com a proposta.

Resultados: Há uma tendência a culpabilizar o usuário pela não adesão ao Plano definido pelo profissional de saúde, muitas vezes de forma unilateral. Esta conduta já é percebida em alunos do 8º semestre. Por outro lado, a perspectiva de construção de planos terapêuticos considerando os limites, possibilidades e desejos do usuário, discutidos no CAPS-AD, abriu espaço também para utilizar os conceitos da Redução de Danos no cuidado ofertado a usuários da USF, respeitando inclusive, o direito do usuário a expor-se a determinados riscos de forma orientada.

Conclusão ou Hipóteses: A abordagem da Redução de Danos coloca o usuário como protagonista e centro do processo de cuidado, a partir dos seus limites e possibilidades que se constroem projetos de menos dano e mais saúde, fortalecendo o vínculo entre profissional e usuário. A adesão à hábitos de vida saudáveis nem sempre é uma alternativa viável, depende do profissional contribuir para construção destas alternativas.


Palavras-chave


Redução de Danos; Autonomia; Vínculo

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