Por que ser agente comunitário de saúde? Um estudo de caso

Roberta Rodrigues de Alencar Mota, Helena Maria Scherlowski Leal David

Resumo


Introdução: Os agentes comunitários de saúde (ACS) vêm se transformando em uma força de trabalho numerosa e essencial na reformulação da atenção primária no Brasil. O trabalho do ACS e para onde caminha essa profissão configura-se, portanto, como objeto que exige uma abordagem que promova uma reflexão, para melhor compreensão dos determinantes e condicionantes das situações e problemas que apresenta.

Objetivos: Identificar e analisar as motivações dos ACS de uma área programática (AP) do Município do Rio de Janeiro (MRJ) para ingressar, permanecer ou abandonar a profissão.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Estudo de abordagem qualitativa e o método de análise dos dados foi de base interpretativa com apoio do referencial da Hermenêutica-Dialética. O universo da pesquisa foi a AP 5.2, no MRJ. Foram entrevistados ACS de 7 unidades de PSF e 2 unidades de PACS, além de 7 ex-ACS, totalizando 34 entrevistas. Foram indagadas questões referentes à idade atual e ao início do trabalho, escolaridade, situação de trabalho por ocasião da contratação como ACS, última ocupação antes de trabalhar como ACS, tempo de atuação como ACS, o que o levou a ser ACS, o que mais se identifica com o trabalho, quais são/eram suas insatisfações enquanto ACS, o que o faz permanecer como ACS, o que o fez deixar de ser ACS.

Resultados: Os sujeitos tinham entre 19 e 47 anos, 28 eram mulheres e 24 tinham nível médio completo e idades que variavam entre 18 e 43 anos ao início do trabalho. O tempo de atuação como ACS variou de 11 meses a 6 anos. As razões apontadas para a busca da profissão de ACS foram a oportunidade de ingresso ou reingresso no mercado formal de trabalho, a ideia de que seriam funcionários públicos e a proximidade da residência. A desvalorização e a falta de reconhecimento são os principais motivos para deixar de ser ACS. Alguns sujeitos apontaram como provisório o trabalho de ACS e sua permanência está vinculada a falta de outras perspectivas e também a sua identificação com o trabalho comunitário.

Conclusão ou Hipóteses: Aos ACS foi delegado o difícil papel de promover a consolidação da estratégia de saúde da família e do Sistema Único de Saúde. Diante da complexidade que envolve o trabalho do ACS e do crescente incentivo do Ministério da Saúde para a adoção dessa política de saúde, é extremamente relevante que se compreenda os caminhos que a profissão está trilhando e quais são as perspectivas desse trabalhador.





Palavras-chave


Agente Comunitário de Saúde; Recursos Humanos em Saúde; Reconhecimento Profissional

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