Famílias e vulnerabilidades: um estudo psicossocial

Joana Iabrudi Carinhanha, Lucia Helena Garcia Penna, Valéria Aliprandi Lúcido

Resumo


Introdução: A família tem sido alvo das políticas públicas por sua influência sobre o desenvolvimento dos seus membros, constituindo cenário privilegiado do cuidado à saúde. Contudo, a intensa desigualdade sócio-econômica coloca muitas famílias brasileiras em risco de não conseguir desempenhar suas funções de proteção, sociabilidade e afeto sob pena de ser exclusivamente culpabilizada por este fracasso.

Objetivos: O esforço que se pretendeu empreender neste estudo foi descrever e compreender os contextos de vulnerabilidade em que estão inseridas muitas famílias brasileiras, com vistas ao entendimento dos processos de desestabilização da estrutura familiar.

Metodologia ou Descrição da Experiência: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual a situação das famílias vulneráveis foi delineada a partir dos dados das produções científicas e de pesquisas sócio-demográficas nacionais, tendo como base analítica as concepções de Robert Castel sobre a relação entre família e vulnerabilidade. Este modelo explicativo por seu caráter de fluidez e inter-relação entre os aspectos sociais (mundo do trabalho) e os aspectos individuais (relações interpessoais) possibilita o entendimento do processo que se opera na relação entre a lógica econômica e a coesão social.

Resultados: Apesar da dificuldade de definição para família, predomina a idéia hegemônica de família nuclear. Contudo, a realidade impõe uma configuração familiar em rede através de linhas de ajuda mútua. A situação de vulnerabilidade das famílias está associada à intensa desigualdade sócio-econômica em função do modo de produção capitalista, que determina pobreza e acirra tensões sociais; e à violência, sobretudo a criminalidade, ao que se alia desigualdade étnico-racial e pouco apoio institucional. Assim, o contexto da família vulnerável engendra situações desde a precariedade econômica até a insuficiência relacional, comprometendo os primeiros vínculos sociais que conferem o senso de pertencimento.

Conclusão ou Hipóteses: A família não pode ser totalmente culpabilizada nem vitimizada pelo futuro de vulnerabilidade e até desafiliação, mas entendida num contexto em que a violência social a atravessa crucialmente, determinando o desafio para o profissional de Saúde da Família de ponderar o modo como a sociedade conduz e apreende os desvios produzidos por sua própria estrutura.


Palavras-chave


Vulnerabilidade Psicossocial; Família Vulnerável; Violência

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