Abordagem da sexualidade sob a perspectiva da APS: uma intervenção interdisciplinar

Mauro Luís Barbosa Junior, Daniel Stori Netto Puig, Rafael Cangemi Reis, Regina Gonçalves Moura

Resumo


Introdução: Os determinantes biopsicossociais, no processo de saúde-adoecimento em níveis individual, familiar e coletivo, apontam para a importância da inclusão da abordagem da sexualidade na APS. Como expressão da integralidade do sujeito, a sexualidade não está restrita aos órgãos genitais nem é exclusiva de uma especialidade médica. Para desenvolver suas competências, o MFC tem esse entendimento.

Objetivos: Discutir e analisar, numa perspectiva integral, questões relativas à sexualidade, a partir do relato de caso de uma paciente com incontinência urinária de esforço atendida no ambulatório de saúde da mulher (ASM) do PRMFC do HUPE/UERJ.

Metodologia ou Descrição da Experiência: ESB, 68 anos, casada há XX anos, encaminhada ao ASM para o “exame preventivo anual”. Relata chorando que o marido está “impotente” e isso a deixa muito triste. Perguntada se suspeita de alguma razão para tal, sugere que ele não a deseja em função de sua dificuldade em “segurar a urina” e estar sempre com cheiro desagradável, além do fato de ser diabético. Em conjunto com o fisioterapeuta pélvico foi realizada avaliação da musculatura perineal que revelou fraqueza do músculo pubococcígeo. Foram prescritos exercícios terapêuticos domiciliares com avaliações quinzenais e convite para o comparecimento do marido na próxima consulta.

Resultados: As abordagens do casal permitiram a expressão de angústias e justificativas e o reconhecimento do papel de cada um na satisfação sexual conjugal, apontando para a elaboração de estratégias de reaproximação do casal, sem a necessidade de prescrição medicamentosa. A paciente foi acompanhada em consultas quinzenais e mensais ao longo de 8 meses, quando era reforçada a importância da execução dos exercícios, além de recomendações gerais e específicas. Ao final desse tempo, referiu total resolução da incontinência urinária, melhora da qualidade de vida pessoal e conjugal e completa adesão às recomendações e ao tratamento fisioterapêutico.

Conclusão ou Hipóteses: A interdisciplinaridade, pelo matriciamento em sexologia e fisioterapia pélvica, permitiu uma abordagem ampliada focada na pessoa. Na atenção à paciente, contribuiu para a promoção da qualidade de vida e cuidado, a partir do plano terapêutico singular. Quanto ao MFC, foi a atenção colaborativa, promovendo um espaço de educação permanente, construindo um novo olhar aliado ao olhar do outro.


Palavras-chave


Matriciamento; Sexologia; Fisioterapia Pélvica

Texto completo:

PDF/A

Apontamentos

  • Não há apontamentos.