Sistema de referência e contra-referência na Ilha do Combu: relato de experiência

Átila Augusto Cordeiro Pereira, Jaqueline Sacramento Miranda, Stéfany Cristina Góes da Silva, Priscila de Moraes, Laura Maria Vidal Nogueira

Resumo


Introdução: Trata-se de um relato de experiência que aponta as implicações do atual modelo de atenção à saúde vigente no Sistema Único de Saúde (SUS) que tem contribuído para a banalização da Atenção Primária à Saúde e a incapacidade de prestar atenção continuada à população. No contexto amazônico suas consequências são severas em razão de peculiaridades determinantes no processo saúde-doença da população.

Objetivos: Relatar a experiência vivida por acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA) junto a Estratégia Saúde da Família (ESF) da Ilha do Combú, no município de Belém/Pará, e apontar um dos principais nós críticos que entravam a continuidade do cuidado na rede pública do SUS.

Metodologia ou Descrição da Experiência: A equipe da ESF da Ilha do Combú relatou a dificuldade em atender a população da ilha, pois enfrentam problemas que entravam a implementação do SUS. A equipe é incompleta e responsável pela assistência de todos os moradores da ilha, onde existem vários casos de diabetes, hipertensão e hanseníase. A ausência de uma política de atenção à população ribeirinha reflete na falta de apoio ao acesso da população, com isso, o sistema de referencia e contra-referencia é inviabilizado, interferindo na continuidade do tratamento aos ribeirinhos que necessitam de atendimento em todos os níveis de atenção à saúde, ou mesmo consulta médica de rotina, haja vista a inexistência desse profissional na equipe.

Resultados: Percebemos que este modelo, fundamentado num conceito de complexidade equivocado que leva a um baixo grau de importância e parco financiamento para a atenção primaria, gera uma desorganização do fluxo assistencial e a não garantia de atendimento. Os usuários, quando referenciados, enfrentam serviços esgotados, assumem o custo para traslado sem apoio do poder público e se deslocam repetidas vezes, à capital, na incerteza de conseguir o atendimento que precisam. O baixo perfil econômico da população, que depende da sazonalidade da extração do açaí, ocasiona períodos de agravamento ao acesso a serviços essenciais o que contribui para o elevado índice de abandono terapêutico dos moradores.

Conclusão ou Hipóteses: A experiência foi útil para entender que é fundamental a superação do paradigma hegemônico, hierárquico. Gestores e profissionais da saúde, devem envidar esforços no sentido de implementar a rede de atenção à saúde identificando os pontos de atenção a serem fortalecidos e assegurando assistência de qualidade e com responsabilidade sanitária e econômica para as demandas da população ribeirinha.




Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Hierarquização; Comunidade.

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